Introdução
O período compreendido entre os
séculos III e V caracterizou-se pela crise e decadência do Império
Romano. Apesar das mudanças político-administrativas, a corrosão do
sistema escravista foi responsável pela desorganização econômica e
consequentemente pela desordem social.
A Crise Sócio-econômica
A
retração das guerras de conquista desde o início do Império fez com que
o número de escravos diminuísse constantemente, afetando a produção. No
entanto essa diminuição foi lenta e, em um primeiro momento, não trouxe
graves problemas, pois a exploração das províncias aumentava,
reforçando as finanças do Estado.
No século III a crise econômica
atingiu seu apogeu, as moedas perderam valor e os salários e os preços
elevaram-se, provocando o aumento da população marginalizada e maior
exploração da mão-de-obra escrava, responsáveis por revoltas sociais,
exigindo a constante intervenção militar. Reforçado o papel do exército
para a manutenção da ordem social, contraditoriamente essa instituição
desenvolveu um processo de crise interna, denominada "Anarquia Militar".
A disputa entre generais por maior influência política, principalmente
entre os anos de 235 e 268, refletia a própria desorganização
sócio-econômica do Império, que tendeu a agravar-se com o início das
migrações bárbaras.No final do século III o Império passou a apresentar
novas características, em grande parte reflexo da crise do período
anterior: O Imperador Diocleciano dividiu o Império em duas e depois em
quatro partes, dando origem à Tetrarquia, numa tentativa de fortalecer a
organização política sobre as várias províncias que compunham o império
e aumentar o controle sobre os exércitos, porém na prática essa divisão
serviu para demonstrar e acentuar a regionalização que já vinha
ocorrendo.
As migrações bárbaras foram outro fator que contribuiu
para agravar a crise do Império, processo complexo que envolveu povos e
circunstâncias diferentes. Alguns povos fixaram-se em terras do Império
e foram fitos aliados, que a incumbência de defender as fronteiras e em
parte acabara incorporados ao exército; outros ultrapassaram as
fronteiras romanas derrotando as legiões e saquearam as cidades.
As Transformações
Durante
o governo de Diocleciano e Constantino, várias medidas foram adotadas
na tentativa de conter a crise, como a criação de impostos pagos em
produtos, congelamento de preços e salários, e a fixação do camponês à
terra, iniciando a formação do colonato e que na prática, contribuíram
para o desabastecimento e para um processo de maior ruralização.
O
imperador Constantino foi ainda o responsável por a conciliação entreo
Império e o cristianismo, a partir do Edito de Milão (313), que garantia
a liberdade religiosa aos cristãos, que até então haviam sofrido
intensa perseguição e que naquele momento representavam uma
possibilidade de justificativa ao poder centralizado e ainda serviria
para frear o movimento popular e de escravos, uma vez que a doutrina
cristã reforçava a esperança de uma vida digna após a mote, no Reino de
Deus. A nova religião foi ainda mais reforçada durante o governo de
Teodósio quando, através do Edito de Tessalônica, o cristianismo foi
considerado como religião oficial do Império. A política imperial
baseava-se na utilização da Igreja como aliada, na medida em que esta
era uma instituição hierarquizada e centralizada e que nesse sentido,
contribuiria para justificar a centralização do poder.
A Desagregação
Apesar
desse conjunto de medidas, a crise econômica aprofundava-se, assim como
a presença de povos bárbaros aumentava, estimulando a fragmentação
territorial e a ruralização, pois o desenvolvimento das Villae
estimulava uma economia cada vez mais voltada para a autosuficiência.
Esse fenômeno era particularmente forte na parte ocidental do Império,
onde a presença bárbara foi muito maior e onde a decadência do comércio
foi mais acentuada.
A divisão do Império em duas partes no final do
século IV também contribuiu para esse processo: O Império Romano do
Oriente, com capital em Constantinpla ainda conseguiu manter uma
atividade comercial com outras regiões do Oriente, enquanto que o
Império Romano do Ocidente, com capital em Milão, vivenciou o
aprofundamento constante da crise.
Podemos perceber que nesse período
de agonia final do Império Romano do Ocidente, características que irão
sobreviver e que estarão presentes na Idade Média, fazendo parte da
estrutura feudal, como o trabalho do colono e a organização das Villae,
que servirão de modelo para o trabalho servil e para a organização do
Feudo; assim como o cristianismo.
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